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“Compasso de Espera”, de Antunes Filho, estréia de na Casa França-Brasil


O filme solo de Antunes Filho “Compasso de Espera”, um cult do cinema e ainda inédito no circuito comercial, será exibido na terça-feira (12/11), às 16h, na Sala Rio 40º da Casa França-Brasil, dentro do projeto Cineclube Rio de Telas. Protagonizado por Zózimo Bulbul e Renée de Vielmont, o longa metragem tem ainda no elenco os atores Antônio Pitanga, Léa Garcia e Élida Palmer. 

Considerado pela crítica especializada um dos principais realizadores do Teatro brasileiro, Antunes Filho não só dirigiu, como também escreveu o roteiro e bancou a produção de “Compasso de Espera”, sua única realização no cinema. Rodado em 1970, e liberado em 1973 pela Censura, mas não em circuito comercial, o longa-metragem, filmado em preto e branco, faz uma longa incursão no preconceituoso mundo do racismo em nosso país. 

– Cinema é feito do olho para o coração, não precisa de um cavalo de Tróia para acontecer. É muito simples – conceituava o famoso diretor brasileiro, que morreu em São Paulo, este ano, em 2 de maio, aos 89 anos. 

UMA HISTÓRIA DE AMOR REALISTA

Em “Compasso de Espera”, o ator Zózimo Bulbul é Jorge, um poeta negro que se apaixona por uma jovem estudante loira (Reneé de Vielmond) e tem uma amante empresária também branca (Élida Palmas). 

– Ou seja, era o primeiro galã negro do cinema – destacou Bulbul, que foi cineasta (“Abolição”, melhor documentário do Festival Latino-Americano de Nova York, em 1990) e militante do movimento negro no Rio.

O personagem sofre patrulhamento da família, por abandonar as raízes humildes, e da sociedade, pelo romance com uma mulher branca. É emblemática a sequência da praia, a preferida de Antunes, na qual um grupo de pescadores chama a polícia e parte para cima do poeta e da estudante.

– Eles foram namorar na praia justamente porque os hotéis barravam o casal – afirmou o ator, que projetou em cena situações que viveu na própria pele. Após reviravoltas, a moça abandona Jorge e viaja para a Europa. Ele, que antes se opôs aos amigos e familiares, agora padece de solidão e perde o prumo nas relações com a sociedade que o oprime.  

A FORÇA DO CINECLUBISMO

O projeto cinematográfico Cineclube Rio das Telas foi desenvolvido na Secretaria de Cultura e Economia Criativa, através da Superintendência de Audiosivual, com o objetivo de expandir suas ações no âmbito do cineclubismo, por meio das sessões programadas na Casa França-Brasil, onde funciona o espaço montado especialmente para a exibição de filmes e vídeos, a Sala Rio 40°.

Este espaço dentro da Casa França-Brasil foi criado em homenagem a uma fase estrutural da produção cinematográfica brasileira, o chamado Cinema Novo, e batizado com o título do filme do cineasta Nelson Pereira dos Santos, também como forma de celebração ao grande mestre das telas.

Através da parceria firmada com diretores e produtores do audiovisual e com as escolas e cursos de cinema, incluindo a Escola Darcy Ribeiro, é exatamente na sala Rio 40°que os realizadores do projeto vão fazer a exibição de filmes.

Haverá debates após as projeções, como contrapartida natural pela difusão da cultura do audiovisual, de forma a incentivar paralelamente a formação de público e a experiência estética do cinema. 

Os filmes serão apresentados sempre às terças-feiras, no horário das 16h, com exibição gratuita. A cinematografia de novembro foi escolhida sob a ótica do cinema e o protagonismo. 

Dia 12/11 – “Compasso de Espera”
Diretor: Antunes Filho
Classificação: 10 anos
Duração: 1h38m

Dia 19/11 – “Deixa na Régua”
Diretor: Emílio Domingos
Classificação: 14 anos
Duração: 1h13m

Dia 26/11 – “Janela da Alma”
Diretores: Walter Carvalho, João Jardim
Classificação: livre
Duração: 1h13m