Por CFB em 23/08/2024
No sábado, 31 de agosto, das 16h às 19h, a Casa França-Brasil convida o cineclube Pajubá para exibição dos filmes Emocionado (2024) dirigido por Pedro Melo, Tea For Two (2028) dirigido por Julia Katharine, Babi e Elvis (2019) dirigido por Mariana Borges e Os Últimos Românticos do Mundo (2020) dirigido por Henrique Arruda, em paralelo às programações expositivas da Casa. A programação inicia com bate-papo, seguido de exibição.
Sessão São Amores:
Curadoria por Rafael Ribeiro e Lucas Nathan
Texto por Lucas Nathan e Rafael Ribeiro
“E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure”.
(Soneto de Fidelidade, de Vinicius de Moraes)
O que é o amor? Um sentimento que é entendido de diferentes formas para diferentes pessoas com diferentes vidas? Não sabemos de fato como o definir, já que sua subjetividade abre uma gama de possibilidades de experimentá-lo. O amor é um sentimento que nos torna vivo, que vem de dentro e nos sinestesia por completo; anárquico a qualquer segmento e ordem social. Alguns até tentaram o instrumentalizar em uma fórmula, compulsando um imaginário coletivo do que ele seria, mas não passa de tentativas sem uma exata confirmação.
E como são os amores experimentados dentro das inúmeras formas de se vivenciar gênero e sexualidade? Transgredir as amarras cis-heteronormatividade demandam um caminho muitas vezes sem referencial para conseguirmos nos permitir amar. Além disso, nossas vivências permeiam caminhos do amor árduo, inseridos em espaços de estigma e repulsa social. Então esse amor é resistência, é firmando esse direito que faz com que nos sintamos potentes para (re)existirmos.
É contemplando as singularidades que são possíveis experienciar o amor que essa sessão é planejada. Começando em um pico de amor jovial, mesclado com adrenalina e cultura gamer em Emocionado, onde acompanhamos o jovem Erick e sua paixão repentina pelo “boy” que sua amiga o mostrou. A partir da primeira curtida de fotos, os dois meninos não param mais de se falar, quando Erick menos espera já está vidrado nesse amor. Percebemos com a protagonista Silvia, em Tea For Two, que nunca é tarde para encontrar novamente o amor e que ele pode aparecer até no meio da solidão cotidiana. Somos testemunhas em Babi e Elvis que o ato de casar deve ser permitido a todos que o desejam e sonham com isso. Com a felicidade estampada no rosto e ansiedade nos beiços, Bárbara, a protagonista, nos cativa ao longo do documentário com sua fiel autenticidade. Por fim, o mundo está acabando, o que fazer? Se amar e dançar, é o que Pedro e Miguel, decidem fazer, o amor e a esperança da eternidade são celebrados em Os Últimos Românticos do Mundo, que fecha essa sessão.
Com uma temática tão abrangente, seria impossível dar conta de tantas formas de amar. Aqui escolhemos trazer uma perspectiva positiva, entendendo que não podemos encaixar o amor em um armário e moldá-lo à uma forma, mas sim, o deixar livre, onde cada um o entende à sua maneira. É salutar ter o amor em nosso cotidiano LGBTI+, ainda mais onde a solidão pode vir a ser uma constância em nossas vidas, ou até a efemeridade de nossa existência. Através desses filmes, podemos sentir o amor no ar não só entre personagens e sujeitos, mas em todos os aspectos que permeiam essas produções. A disposição de seus realizadores de criarem narrativas afetivas ajudam a construir um futuro onde a busca por esse sentimento seja menos árdua para nós. Logo, vos digo, amem-se e deixem ser amados!
Sobre o cineclube Pajubá
O Núcleo Pajubá atua em diferentes frentes de produção pela valorização da produção de audiovisual de narrativas LGBTI+ brasileira e independente. O Cineclube Pajubá valoriza e celebra curtas-metragens brasileiros premiados produzidos por realizadores LGBTI+, contribuindo para a ampliação do diálogo e da representatividade de uma rica cinematografia que possui pouco espaço de exibição após passagem por circuito de festivais. Entendem que essas produções possuem mais liberdade para tocar em temas, estéticas e narrativas que não são contempladas por produções do cinema comercial, sendo uma poderosa ferramenta de visibilidade pautas, identidades e expressões dissidentes. Para o Cineclube Pajubá interessa pensar: qual a linguagem que os realizadores LGBTI+ estão produzindo e que é só nosso? Qual é o pajubá do cinema brasileiro? Através de sessões temáticas, apresentam uma gama de filmes que formam um mosaico para essa premissa.
Programação
– Emocionado (Direção: Pedro Melo, PE, 2024, 15′) – Classificação: 12 anos
Sinopse: “Emocionado”, acompanha uma semana da vida de Erick, jovem que cursa o ensino médio e trabalha através do estágio Jovem Aprendiz como entregador de uma loja de artigos de videogame. A história começa quando ele conversa pelas redes sociais com um Boy por quem ele se interessa, até o momento em que a relação não vai para frente e ele precisa encarar essa frustração com ajuda da sua melhor amiga, Duda.
– Tea For Two (Direção: Julia Katharine, SP, 2018, 25′) – Classificação: 12 anos
Sinopse: Silvia é uma cineasta de meia-idade em crise com sua vida. Na mesma noite em que é surpreendida pela visita da ex-mulher, que a abandonou há alguns anos, conhece outra mulher que a fascina.
– Babi e Elvis (Direção: Mariana Borges, MG, 2019, 18′) – Classificação: 14 anos
Sinopse: Babi vai se casar com Elvis no Bar do Fernando.
– Os Últimos Românticos do Mundo (Direção: Henrique Arruda, PE, 2020, 23′) – Classificação: 14 anos
Sinopse: 2050. O mundo como conhecemos está prestes a ser extinto por uma nuvem rosa. Distante do caos urbano, Pedro e Miguel só buscam a eternidade
Sobre os diretores
Pedro Melo é formado em cinema e audiovisual pela Universidade Federal de Pernambuco. Foi cinegrafista e montador da Casa de Cinema de Olinda, em projetos para televisão e coordenador do Projeto Bezerros aprendizagem conectada para a Secretaria de Educação de Bezerros, PE. É diretor e montador de Playlist, premiado melhor curta pelo júri crítico, no festival de cinema de Caruaru 2020. e em 5 categorias no CinePE 2021 e de Emocionado, Melhor Roteiro, Melhor Montagem e Melhor atriz pelo CinePE 2024.
Julia Katharine é uma cineasta, roteirista e atriz brasileira. Foi a primeira cineasta transexual do Brasil a entrar no circuito comercial como diretora de um filme, com o curta-metragem Tea for Two, em 2019. Trabalhou como atriz em quatro filmes de Gustavo Vinagre: Três Tigres Tristes; Filme-catástrofe; Os cuidados que se tem com o cuidado que os outros devem ter consigo mesmo e Lembro mais dos corvos. Neste último, no qual foi também co-roteirista, sua participação lhe rendeu o Prêmio Helena Ignez. Em 2020, foi citada como parte dos “Top 10 Novos Cineastas Brasileiros” em uma lista feita pelo portal Papo de Cinema através de uma votação entre diversos críticos de todo o país. A justificativa alega que o cinema de Katharine surge como uma das mais potentes forças do cinema brasileiro, que gradativamente abraça a diversidade como um elemento imprescindível para contar histórias, junto com um estilo que propõe a reflexão por meio da valorização da palavra e dos gestos.
Mariana Borges é formada em Comunicação Social pela UFMG e pós-graduada em Artes Plásticas e Contemporaneidade pela Escola Guignard. Realiza projetos fotográficos e cinematográficos desde 2010. Dirigiu o filme ”Babi & Elvis”, selecionado para integrar o XV Panorama Internacional Coisa de Cinema de 2019, a 23º Mostra de Cinema de Tiradentes de 2020, o XV CineBH, o 27º Festival de Cinema de Vitória e a 1ª MAMu; co-dirigiu “Essentia”, ao lado de Gabriel Sung, selecionado para a Mostra do Cine Sesc em 2017, além do curta “Jornal também é patrimônio”, eleito melhor curtíssimo nacional, no Lobo Fest, em 2017. Atualmente trabalha como freelancer, produzindo filmes autorais para o segmento da Cultura.
Indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2021, da Academia Brasileira de Cinema, na categoria curta-metragem por “Os Últimos Românticos do Mundo”, Henrique Arruda é natural de Recife, Pernambuco, e trabalha com cinema nas áreas de Roteiro, Direção, e Direção de Arte. Possui 4 curtas-metragens autorais realizados, que juntos somam mais de 60 prêmios, e exibições em mais de 100 janelas ao redor do mundo. Fundador do selo audiovisual Filmes de Marte, por onde realiza suas obras, e projetos diversos na área de difusão e formação, Henrique também é idealizador do “MarteLab”, laboratório de desenvolvimento de curtas-metragens para realizadores LGBTQIA+ brasileiros.
Sobre a convidada
Sabine Passareli, 29 anos, artista independente. Terapeuta ocupacional graduada e especialista em Saúde Mental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente trabalha no Centro de Atenção Psicossocial III Mauricio de Sousa.
31 de Agosto de 2024, das 16h às 19h
Casa França-Brasil
Rua Visconde de Itaboraí, 78 – Centro, Rio de Janeiro
Classificação indicativa 14 anos
Entrada gratuita